Quem quer dinheiro?

Dona Gertrudes Souza sempre foi uma mulher de alto padrão de vida e muito desconfiava de seus familiares, já que se aproximavam sempre movidos por interesses. Surpreendentemente, o calor afetivo aumentava a medida que ia envelhecendo, eu penso que seja talvez por causa da herança de dois milhões que ela iria deixar para não se sabe quem. Talvez seja isso mas, não tenho muita certeza. 

Mimo pra lá, mimo pra cá, show de gentilezas, seus familiares exibiam tanto seus talentos teatrais, que se poderia criar uma série de tv: “Os cara de pau 2”.

Dona Gertrudes muito esperta desconfiava até de um bolinho de chocolate que lhe davam com medo de estra envenenado.

As gentilezas continuavam, pois, para eles que eram materialistas, ter o próprio nome no testamento, era como se fosse o nome escrito no livro da vida. Enfim, morre dona Gertrudes, em vez de choro, todos tentavam esconder toda aquela empolgação. Quando o advogado ia ler o Testamento, todos estavam muito inquietos,  ficavam agoniados de tanta curiosidade para saber quem seria o herdeiro. Quem chegasse naquela hora, não iria entender o porquê de ter tanta expectativa em um ambiente fúnebre.

As palavras da dona Gertrudes na voz do advogado que lia o Testamento tiveram um impacto muito forte na vida de todos, palavras estas quem nunca iriam esquecer: “ Eu Gertrudes, como último pedido, quero que seja enterrado junto comigo uma caixa contendo o valor em dinheiro correspondente a tudo que possuo”.

Neste momento, mais rápido que um flash, a dor tristeza e muito choro invadiu a todos, choravam desesperadamente olhando para aquele caixão, choravam muito, choravam de soluçar, choravam como se fosse crianças, se perguntavam: como isso foi acontecer? Era tanta lágrima que havia até perigo de desidratação. Dessa vez, quem chegasse na hora ia pensar o quanto amavam aquela velhinha.

Dinheiro não é tudo, o mais importante é a salvação. Não há como levar dinheiro para outra vida, pois quem gasta dinheiro é o funeral e não o defunto. Sabendo disso, Tobias, o coveiro foi até a sepultura da morta, retirou e levou embora a caixa de dinheiro deixando um cheque em nome de Gertrudes  Souza e um bilhete que dizia: “ Dona Gertrudes, vou depositar o dinheiro na minha conta, assim que precisar, é só ir no banco e sacar o cheque”.

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